segunda-feira, janeiro 22, 2007

és a corda leve onde vibram
os tonitruantes fogos, a fala do trovão
és um corpo entre corpos voltados ao zelo

de estar a ser, de um acordo mútuo
com edifícios e o trânsito involuntário das sombras
de ferir-se fatalmente às quinas da solidão coletiva
e dar-se a inventos miraculosos, engenhos
superlativos da tua existência pouco percebida


olhas ao longo da avenida as árvores tristes
perfazendo-se num cortejo suspenso, os braços a clamar
mas sua tristeza, percebes, nem ao menos existe
existe a tua inteligência intranquila disfarçando-te
emulando em galhos e copas a tua dor íntima
existe apenas a tua mínima palavra, cujo esgar
espera ser ouvido, e que tende a tornar-se

ferramenta, armadilha, poção, veneno
estampido distante, teu pequeno mundo
hábil movimento grafando um pensamento mudo.

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.