terça-feira, julho 01, 2008

Perifeérico

I

à margem há miragens tantas

imaginações que cantam prontas

neste círculo pensante

diante da vida bruta recolho

o ouro e a prata do olho

se calho de estar adiante

vanguarda do tempo perdido

tangências do inadvertido

império da fera invisível

invencionice do impulso

feérico e ingênuo recurso

corsário de um só mar incrível.

II

cravada na pele, feria

a maquinaria da lira incontida

a destemida periferia do incriado

o estrado roído de zombaria

erguido em noites vadias

o leito de rês suburbana

dormia varado de sonho

tamanho era o lanho no ventre

que entre o espasmo e o grito

nasciam meninos sem conta

e tanto que canta o poema

perifeérico encena

a sina do engenho esquecido

o rito de sanha obscena

da pena riscando um sentido.

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.