à margem há miragens tantas
imaginações que cantam prontas
neste círculo pensante
diante da vida bruta recolho
o ouro e a prata do olho
se calho de estar adiante
vanguarda do tempo perdido
tangências do inadvertido
império da fera invisível
invencionice do impulso
feérico e ingênuo recurso
corsário de um só mar incrível.
II
cravada na pele, feria
a maquinaria da lira incontida
a destemida periferia do incriado
o estrado roído de zombaria
erguido em noites vadias
o leito de rês suburbana
dormia varado de sonho
tamanho era o lanho no ventre
que entre o espasmo e o grito
nasciam meninos sem conta
e tanto que canta o poema
perifeérico encena
a sina do engenho esquecido
o rito de sanha obscena
da pena riscando um sentido.