quinta-feira, janeiro 05, 2012

A Fronteira Delicada



abre o novo ensejo, reverbera
ouve o sonoro desejo da fera
acordada, sai em busca dessa
insuspeitada vereda, desenreda
a tua história verdadeira, aquela
fronteira delicada entre a beleza
e a fúria, entre a folia e a injúria.
 
desespera; deixa que haja império
e penúria, que hajam noites escuras
e sonhos claros. que soem presságios
os adágios, que pareçam árias os
aríetes insistindo na questão invasiva:

haverá, afinal, infinitas esquinas,
variadas perspectivas, diversas escolhas?
serão mesmo tantas as luxúrias,
prolongados êxtases, euforias
desmedidas sem prazo de validade?

averigua a veleidade em tais elixires
e ao sentires aproximar-se o engodo
deita o rodo com firmeza sobre o mármore,
arma-te da tua melhor memória, e esfrega-a,
sôfrega, sobre o pano limpo da razão.
descansa tua mão na pedra fria,
que é poesia o que antes chamavas chão.

Quem sou eu

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Belém, Pará, Brazil
Renato Torres (Belém-Pa. 02/05/1972) - Cantor, compositor, poeta, instrumentista, arranjador, diretor e produtor musical. Formou diversas bandas, entre elas a Clepsidra. Já trabalhou com diversos artistas paraenses em palco e estúdio. Cria trilhas sonoras para teatro e cinema. Tem poemas publicados nas coletâneas Verbos Caninos (2006), Antologia Cromos vol. 1 (2008), revista Pitomba (2012), Antologia Poesia do Brasil vol. 15 e 17 (Grafite, 2012), Antologia Eco Poético (ICEN, 2014), O Amor no Terceiro Milênio (Anome Livros, 2015), Metacantos (Literacidade, 2016) e antologia Jaçanã: poética sobre as águas (Pará.grafo, 2019). Escreve o blog A Página Branca (http://apaginabranca.blogspot.com/). Em 2014 faz sua estreia em livro, Perifeérico (Verve, 2014), e em 2019 lança o álbum solo Vida é Sonho, autoproduzido no Guamundo Home Studio, seu estúdio caseiro de gravação e produção musical, onde passa a trabalhar com uma nova leva de artistas da cidade.